Saudades do meu amor
Minha cabeça dói muito. Tento abrir os olhos, porém eles estão pesados demais para isso. Definitivamente não era para eu exagerar ontem nas bebidas.
"Max…"
Alguém está me chamando… meu irmão.
Max, acorde. Charlie põem suas mãos em meus ombros e balança tenta despertar-me.
Tento abrir os olhos o máximo que consigo. Vejo o rosto de Charlie ainda embaçado. Seus cabelos dourados estão reluzindo mais do que o convencional.
O loiro olha para as garrafas de bebidas e restos de cigarros espalhados pelo quarto. Seu olhar era de desgosto. Ele se vira para mim e me diz severamente.
"É bom você levantar logo. Temos muitas coisas para fazer." Charlie dava-me ordens como sempre. Eu era o irmão mais velho. Contudo, ele que dava as ordens e eu tinha até seguir elas como se eu fosse um cachorrinho, abanando o rabo para o dono?
Realmente estou muito cansada e com zero vontade de levantar. Fico deitado na cama tentando dormir novamente. Ao ver o que eu estava fazendo, puxou o lençol que cobria o meu corpo mostrando o meu semblante nu.
"Vamos! Levante!" O seu tom de voz estava mais raivoso, a sua voz fazia a minha cabeça latejar ainda mais aquilo era terrível. Então decidi que levantar e tomar algum remédio seria melhor que permanecer naquilo mesmo com toda a dificuldade de manter o meu corpo em pé.
Quando percebeu a minha dificuldade de levantar mesmo eu tentando, Charlie segurou a minha mão tentando ajudar.
"Suas mãos estão geladas como sempre. Você é um morto por acaso? "
Murmuro baixinho que não.
"Seu hálito fede a bebida." Meu irmão reclama. "Vá tomar um banho logo."
Assim finalmente consegui levantar e vou em direção ao banheiro tomar um bom banho relaxante, espero que a dor de cabeça passe.
Depois de um tempo saio do banheiro com uma toalha em minha cintura e outra na minha cabeça secando os meus cabelos.
O loiro ainda está olhando-me com um olhar zangado.
"Você sabe que temos várias reuniões e coisas para discutir sobre a empresa essa semana e tu ainda ages assim, fazendo-me vir aqui lhe buscar?!"
"Desculpa. Deixei-me levar pela tentação do álcool ontem a noite. Sabe, a semana foi difícil".
"Mas ainda é quarta-feira."
"Eu sei." Suspiro. "Imagine no sábado?!"
Charlie suspira de descontentamento.
"Okay. Só termine de arrumar-se logo."
Enquanto saímos do apartamento, alguém esbarrou em Charlie. Era um homem com a aparência frágil, provavelmente ele estava correndo, pois, estava atrasado e não prestou muita atenção ao seu redor.
Quando o homem percebeu em quem tinha esbarrado seu olhar ficou assustado.
"Desculpe, desculpe, desculpe! Mil perdões pelo ocorrido." O homem estava quase chorando. Bem, meu irmão era bem influente na cidade e não era de se admirar que o rapaz conhecesse ele.
Olhei para o homem de cima para baixo com um olhar de desgosto automático. Odiava aquilo. Uma pessoa frágil que se forçava a parece mais frágil ainda. Tudo isso para impressionar o ego do meu irmão.
Ao contrário de mim, Charlie abriu um sorriso suave. Então ele liberou o homem e seguimos o nosso caminho.
"Você não precisa fazer essa cara assustadora toda vez que alguém fala comigo." O loiro diz com um sorriso brincalhão.
"Eu fiz isso?" Sorri fingindo-me de desentendido.
"Você sabe, aquela cara que faz você parecer um assassino de garotinhas." Ele solta uma leve risada no final.
Deixou passe, pois não quero discutir.
Depois de um tempo chegamos na reunião.
Cento em uma cadeira ao lado do meu irmão. Estou lá só para marcar presença já que eu tinha que fazer algo na empresa da nossa família.
Bom que a nossa mãe está viajando essa semana, pois não queria ouvir os seus sermões de sempre ou reclamar do meu atraso.
+++
Depois que saímos da reunião, Charlie me levou para uma igreja. Provavelmente ele já ia lá normalmente e só me trouxe, pois, eu estava junto.
Odiava aquilo. Igrejas não era um lugar para alguém como eu ficar confortável em estar lá. Porém, estava com h e não quis fazer nada. Fiquei calado até a ora de irmos embora.
Entramos no carro e finalmente murmurei.
"Eu odeio igrejas e principalmente as pessoas que as frequentam."
Percebi que h usava um colar com uma cruz. Peguei aquele pingente maligno e o puxei fazendo h ficar a poucos sentimentos de minha cabeça.
Charlie ficou surpreso pela minha reação. Sorrio maliciosamente.
"Mas sabe… eu posso ser o seu crente. "
Ele me olha frio e sem emoção. Seu olhar ficou fixo em mim como se estivesse avaliando cada parte de meu ser.
"Sua pele pálida é estranhamente atraente."
Abro um olhar de surpresa.
"Sério? A minha pele é pálida, pois eu estou desnutrido e não costumo pegar muito sol."
"Eu sei, entretanto, não me importo com as causas, só estou dizendo que ela é atraente. É pálido como a lua.
Acho que aquilo poderia ser levado como um elogio.
Logo em seguida fomos para casa e não falamos mais nada o caminho todo. Sabia que eu tinha feito algo de errado, como sempre faço.
+++
A três semanas desliguei meu celular. Não tenho coragem de olhar na face de ninguém agora. Confesso que queria ligar o meu celular para ver se alguém teria mandado mensagem, porém eu já sabia a resposta. Tinha feito isso antes, ninguém nunca me procurava a menos que eu chamasse.
Charlie deveria estar preocupado comigo, ou não. Provavelmente ele estaria feliz por ter se livrado de um peso desgastante como eu sou.
Ele não sabe onde eu estou ainda, certifiquei-me que ele não descobriria. Não sai de casa todo o tempo em que fiquei aqui, mas gradualmente as coisas foram acabando.
Fui ao mercado mais perto de onde moro. Botei uma máscara e um boné caso eu topasse com algum conhecido pela rua.
Estava comprando as coisas normalmente, frutas, temperos e outras coisas.
Enquanto botava as coisas na cesta de compras senti algo agarrando a minha mão esquerda. Viro-me rapidamente espantado e vejo Charlie parado à minha frente com um semblante de uma mistura de desespero e alívio em simultâneo.
Como ele sabia que eu estava aqui? Eu usava boné e máscara e mesmo assim ele me reconheceu em meio a tantas pessoas.
Entretanto, sabia que isso aconteceria rapidamente. Embora eu tentasse evitar e me esconder deles nós sempre nos reencontramos. Porém, isso não importa agora. Eu sabia que se ele não estivesse me achando naquele momento, assim que eu chegasse em casa eu ligaria o meu celular e mandaria uma mensagem para ele. Pois, hoje eu vi uma pessoa na rua com o mesmo casaco que Charlie, deu-me de presente a dois anos atrás. Nunca que eu resistiria a saudade dele, os meus sentimentos foram maiores que a minha razão, eles sempre são.
Porém, não importava a nossa relação. O quão próximos que nos fossemos, irmãos, amigos ou algo do tipo. Charlie nunca iria sentir em seu coração a mesma coisa que eu. No entanto, nós éramos irmãos e isso nunca iria acabar, estamos conectados por algo muito além do sangue. Sempre voltaríamos um para o outro, não importa o quanto nós evitarmos.
Sentia aquilo diariamente. A dor e o amor que só ele me proporciona. Todos esses sentimentos que ele fazia eu sentir eram estranhamente bons. Charlie com as várias lacunas dos meus pensamentos diariamente.
"Não era para você está aqui." Lágrimas começam a sair de meus olhos sem só menos eu controlar isso, droga. Odiava sentir-me fraco perto de Charlie, porém sempre acabava sentindo-me assim.
"Não sei o que eu sou para você." Admito. "Pareço ser tudo e nada em simultâneo."
Charlie olhou-me com um pouco de surpresa. Provavelmente ele nunca me responderia o porquê de ele me fazer sentir assim.
Nosso vínculo era real.
Meu irmão ficou lá, fitando-me para não dizer nada. Porém, ele realmente precisa?
"O problema não é você é eu…" Ouvir aquilo saindo de seus lábios fez o meu mundo desmoronar. Quando uma pessoa diz isso para você ter 90% que ela não tem sentimentos por você, o problema com certeza é você.
Fico lá, sem falar nada, não que isso tivesse muita diferença.
Charlie se aproximou mais de mim e depositou um leve beijo em minha testa. Um beijo leve e caloroso.
Nunca foi sobre ele me amar e sim que eu fui alguém especial para ele.
"Agora eu estou bem…" Falo com um sorriso no rosto.
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Nota: A primeira história que eu crio e os personagens acabam felizes. Sem ninguém matar ou ferir o outro fisicamente. Mesmo que os personagens não tenham acabado juntos, o final foi feliz, pois eles tinham a companhia um do outro. Sei que isso é de uma maneira distorcida, porém eu queria falar sobre uma história de amor não correspondido cujo a pessoa que não sente nada se importasse com a outra e continuasse com ele apesar de tudo. Como um amigo forte, um verdadeiro "irmão" ksksks.
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