Confissões


Caminho por aquele corredor vazio. Sempre chego antes de todo mundo. Constantemente posso escolher o lugar que eu quiser. Costumo escolher o assento que me dá uma boa vista para o palco. Mas hoje não é dia de culto.


A igreja é muito decorada. Estilo renascentista tanto nas pinturas quanto na estrutura.


Ali está ele. Orando perto do púlpito. Aproximo-me dele lentamente, como se tivesse algum medo de ser percebida, mas, em simultâneo, querendo.


Depois de um tempo ele vira para mim. “Sophie? O que você faz aqui?” Ele pergunta surpresa por me ver nesse dia. Confesso que não faço isso frequentemente.


“Vim aqui para orar.” Menti.


“Ah... É claro. Você é muito bem-vinda, tu sabes, todos são.”


“Sim… Sei. Podemos conversar? Já terminei as minhas orações. Seria bom conversarmos um pouco.”


“É claro. Vamos para um lugar mais reservado? Quer ir ao confessionário?”


Concordo.


Chegando lá, o sacerdote Alexandre fecha as portas.


"Tu queres confessar os seus pecados? Se arrepender deles?”


"Claro… mas antes, sacerdote… Você comete pecados?”


Ele fica surpresa, no entanto, ainda assim me responde.


"É claro. Sou um humano fraco. Pecar é humano. Se eu não pecasse lá não seria um."


"Verdade. Quais pecados você comete?"


"Vários... Meus pecados são de inveja, de orgulho, de ganância, de ira, entre outros."


"Nossa. Tu me pareces tão palpável agora, um humano assim como eu."


Alexandre fica em silêncio por alguns instantes e depois fala.


"Tu tens algo para confessar, certo?"


Fico calada alguns instantes meio pensativa. 


"Sim. Sabe sacerdote. Eu lhe admiro muito, nunca pensei que iria gostar tanto de alguém como você. Eu pensaria que estou cometendo o pecado da luxúria e tenho que me confessar e me arrepender para ter o perdão divino. Mas eu não ligo para isso. Acho tudo isso uma grande mentira. Sempre achei."


Eu me viro para ele e olha bem nos fundos dos seus olhos. Era como se eu quisesse que ele visse a minha alma através deles, falando "Eu já não escondo mais nada."


"Tu sabes por que venho aqui, certo?"


Ele olha para a minha alma.


"Sim, sei. Sempre soube. Mesmo tu sendo ateia você ainda vem aqui. Age como um verdadeiro fiel."


"Mas, no fundo, todos eles fingem, certo? Bem... Confesso. Quando te vi pela primeira vez eu sabia que eu te amava. Eu queria me aproximar o máximo de seu ser. Aí eu descobri que tu era sacerdote nessa igreja. Por isso vim. Me sentei naquele banco não para adorar o seu deus ou os santos e anjos daquelas pinturas. Mas sim tu."


"Eu... Cometo realmente pecados. Tenho inveja dos outros que podem ter a vida que eles querem. Terem os seus sonhos e poderem realizar eles..."


Alexandre fala com um semblante frio e triste.


"Sabe... Quando você me olhou de volta nos cultos fiquei chocada. Senti que eu estava pecando. Não contra algum deus, mas, sim, contra tua alma. Comecei a sentir o mesmo que eu tinha dentro de mim em tu. Fiquei com medo. Alguém como tu nunca amarias ninguém que lhe faz cometer pecados contra a sua alma. O que tu acreditas ser pecado."


Ele começou a lacrimejar quando eu disse isso.


"Por isso que tu falas isso, certo? Pois, tu vais embora."


Ele fala com tristeza em sua voz.


"Sim, vim me confessar e me arrepender dos meus pecados contra teu coração. Nunca mais o fazendo."


Levanto-me e começo a ir em direção a porta.


"Assim com certeza vou para o seu céu, certo? Meu Deus..." Falo e então saiu da sala. Provavelmente eu era a única crente desse deus humano.



Nota: sei lá… Só queria uma história de uma pessoa com um padre ksksk.


Bem, essa história não é nem boa, nem nada. É só para descontrair e fazer você pensar um pouco.


Eu realmente tenho um grande problema.(⁠ー⁠_⁠ー). Quero fazer histórias de dramas, mas quando faço penso que ficaria melhor se fosse terror. Essa história quando acabei eu queria fazer uma história de terror… Sabe, algo sobrenatural. Mas acho que vou deixar assim, depois crio outra.


Enquanto fecho a porta ouço barulhos de choros.


"Eu realmente sou um pecador…” Ele fala enquanto chora.


Viro-me e o deixo para trás. Eu não seria o motivo dele pecar assim. Ele merecia ser feliz da maneira dele.

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