Amarelo


Todo mundo quer morrer, só que poucos têm coragem.


Sei que estamos em um estado de constante busca por algo maior, e quando alcançarmos, de nada bastaram.


Penso na morte constante, como se ela fosse um ideal onde quero chegar, mais se que quando a conseguir, ela não vai ser como imaginei. Pois, a vida é muito ruim, constantemente estamos fazendo mal para nós mesmos e aos outros.


Não importa o quanto a sua vida aparenta perfeita, ela não é.


O amor já não lhe basta mais, já que quase tudo é eterno, menos a dor.


Só que quando conheci ele, comecei a pensar diferente. Ter vontade de acordar todo dia já não é difícil. Amor ele foi uma maneira disfarçada de tentar amar a mim mesmo. Vivo porque ele me faz feliz, tenho que ver o seu sorriso, as suas tristezas. Porém, não posso viver assim.


O filho único de uma família renomada não poderia ter um amante gay, não é um namorado, pois nunca o assumi.


Pedro e eu éramos melhores amigos, depois que terminei o namoro com a minha namorada na época, doce e fofo, porém, ingênua, assim eu e Pedro começamos a nos aproximar mais romanticamente. No começo era só luxúria de ambas as partes, contudo, resultou em algo maior.


Já não podia me ver sem ele, sem o seu toque, sem suas piadas sem graça, sem seu sorriso torto.


Porém, já não vivo, se eu não vivo não tenho motivos para mantê-lo como minha felicidade. Botarei um fim nessa relação conturbada. Daqui a alguns meses terei que assumir a empresa do meu pai, então acabou a época de "garoto" onde eu podia ter prazeres.


Não posso fazer ele continuar sofrendo por alguém indigno de lhe amar. Por isso terei que dar uma última e dolorosa dor.


"Como assim, já não me quer?" Ele me olhava com angústia e desprezo, eu odiava isso, uma pessoa tão brincalhona e alegre, não podia ser assim. Novamente minha culpa por fazê-lo sofrer.


Com o momento não falei nada.

"Eu já não importo nada para você? Só uma passa tempo fútil como aquelas suas namoradas de mentirinha que funcionavam para você manter as aparências?"


Você importa muito, isso é o problema.


"Escuta aqui, Iago. Já aguentei muito coisa sua, calado. Quando você se mostrava com aquelas namoradas falsas eu nem ligava. Sabia que você me amava e eu nunca seria comparado a algo como elas. No entanto, parece que me enganei."

Ele saiu com os olhos marejados, cujas lágrimas não escaparam, pois, ele era forte demais para parecer fraco, não importa o quanto algo o machucasse.


Penso que ele será umas das poucas pessoas que choraram no meu enterro.


Vou acabar com essa vida, pois, sem a minha felicidade, não existem motivos para eu viver.


Uma vida sem prazer, até mesmo nas pequenas coisas não merece ser vivida.


Por isso fiz isso, talvez Pedro sofra menos com a minha partida assim. Não que ele não sofra, aliás, quero isso, só que não muito, não quero ser o motivo de suas inseguranças para a vida. Quero que ele saiba que isso foi a minha decisão e ele não podia fazer nada para evitar.





Nota autor: o título é amarelo devido ao nome que é dado aos meses que ocorrem o combate só suicídio.




Escrevi, estou feliz :). Estou triste, mas pelo menos consegui escrever. Uma porcaria mais escrevi.

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